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6 de fevereiro de 2011

Nisto eu concordo com Gabeira!

Reproduzo um texto de Fernando Gabeira publicado pelo Estadão on-line. Concordo absolutamente com o vai escrito. A tal "discrição" de Dilma, que se contraporia ao estilo jactante de Lula, não é melhor, podendo, inclusive, ser pior para o Brasil. 


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Jornais de domingo e muitos sites comparam o estilo de Dilma Rousseff com o de Lula. Todos tendem a elogiar a discrição de Dilma, assim como alguns reparos na política externa.
Não deixa de ser uma forma de criticar Lula e sua equipe, que devem estar levemente preocupados. Levemente, porque equívocos em política externa não costumam sensibilizar a grande massa de eleitores.
Alguns artigos,afirmam que Dilma destronou o deputado Eduardo Cunha em Furnas, o que é verdade. Mas não explicam que ela tirou o cargo de um protegido do deputado para entregá-lo a um protegido de Sarney.
Da mesma forma, apresentam a fala de Dilma sobre política externa como uma reflexão de grande profundidade: o Brasil, disse ela, não precisa ter opinião sobre tudo.
De fato, o voluntarismo na política externa é um problema sério. Não se trata apenas de ter opinião sobre tudo, mas também de ter opinião errada sobre algumas coisas, como foi a aproximação com Irã e uma tentativa de reformular o processo de paz no Oriente Médio.
O grande sonho brasileiro de conquistar um lugar no Conselho de Segurança pode ter ficado mais distante por causa disto. O Presidente Obama parece que evitará o tema na sua visita ao Brasil. Os Estados Unidos não eram ainda um voto a favor, mas viraram um voto contra a entrada definitiva do Brasil no Conselho.
O Brasil não precisa ter opinião sobre tudo. Mas afirmar isso, no momento em que a Tunísia derrubou um ditador e o Egito , em convulsão, tenta derrubar outro, pode parecer que caímos no extremo da discrição, depois de um período voluntarista.
Durante muitos anos, desde a passagem de Fernando Henrique, o Brasil desenvolveu a diplomacia presidencial. Será que os exageros cometidos na era Lula vão impor uma revisão radical?
Para alguns analistas, este é o caminho, pois a política externa deve ser vocalizada apenas pelos diplomatas. Talvez estejam equivocados. Uma diplomacia presidencial bem dosada pode ajudar o Brasil na afirmação de seu novo papel no mundo.

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