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28 de janeiro de 2011

Os indecorosos: 70 no ato pró-Battisti

A notícia é de Flávio Ferreira, na Folha on-line. Comento em seguida. 

Um ato em defesa de Cesare Battisti, pivô de um impasse diplomático entre Brasil e Itália, levou na manhã desta sexta-feira (28) cerca de 70 pessoas à calçada em frente ao consulado italiano, na avenida Paulista, em São Paulo.

Manifestantes estenderam faixas em frente ao prédio, que fica próximo ao Conjunto Nacional e à estação de metrô Consolação. Lia-se nelas: "Liberdade a Cesare Battisti" e "Não à criminalização de Cesare Battisti e [dos] movimentos sociais".

O apoio a Battisti tematizou discursos de representantes da esquerda brasileira, como integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Liga Operária.

Cerca de 20 policiais civis e militares, em três viaturas, acompanharam de perto a manifestação, que não chegou a atrapalhar o trânsito da região.

Ex-membro do PAC (Proletários Armados para o Comunismo), organização radical ativa nos anos 70, Battisti foi condenado a prisão perpétua por quatro homicídios na Itália, nos anos de chumbo. Preso no Brasil desde 2007, ele nega os crimes e se diz "perseguido pelo Estado italiano e pelo Judiciário brasileiro".

O país requer sua extradição, negada pelo presidente Lula no apagar das luzes de seu governo. A decisão, agora, está nas mãos do STF (Supremo Tribunal Federal).

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Confesso que abri a notícia no site da Folha movido pela curiosidade de saber quem eram os tais 70 que tinham comparecido à manifestação pró-battisti. Batata! Lá estão os representantes dos ditos movimentos sociais - que se querem representantes da sociedade, mesmo quando não conseguem reunir uma centena de pessoas num ato que deveria interessar a toda a sociedade. 
Mas eles são assim mesmo. 

Querem é implantar a sua [deles] agenda se dizendo representantes de toda a sociedade. 

Notem que a manifestação é mais para defender a causa própria que propriamente para manifestar apoio a Battisti. 

"Não à criminalização de Cesare Battisti e [dos] movimentos sociais".

Ah, os valentes acham-se criminalizados, não é? É bom que tenham unido um terrorista com os tais movimentos sociais na mesma frase. Ninguém criminaliza nem um nem outro. É que Battisti É um criminoso e os movimentos sociais, muitas vezes, cometem, sim, crimes. 

Battisti cometeu crimes comuns - esse foi inclusive o entendimento do STF - e não políticos. É claro que o MTST têm o direito de defender suas posições. É claro que Battisti tinha direito de lutar pelo que acreditava certo em seu País. Não reconheço o direito de cometer crimes. 

Não há possibilidade possível. Tem gente que custa a entender que o ideário de um "mundo justo" não justifica o emprego da barbárie. Para mim, os 70 indecorosos que se reuniram hoje em São Paulo são tão criminosos quanto Battisti - mas de um tipo diferente e talvez mais perverso de crime: o moral. 

A notícia que agradaria Cabral; ou: ahhh por que não foi no RJ?

Leiam o que vai no G1. Comento em seguida. 


Policiais civis e militares encerraram uma festa de aniversário de uma menina de 18 anos, na madrugada desta quarta-feira (26), em Arraial d'Ajuda, em Porto Seguro (BA). O motivo da interrupção foi que o evento estava sendo regado a bebidas alcoólicas, cocaína e um bolo de chocolate com maconha. O confeito estava decorado com folhas da droga e cerejas. Vinte e duas pessoas foram detidas, levadas para a delegacia da cidade e liberadas em seguida.
De acordo com o delegado Rafael Zanini, a aniversariante teria recebido o bolo de presente de uma amiga. "Recebemos uma denúncia de perturbação do sossego e uso de drogas em uma festa realizada na praia, na areia mesmo. Quando chegamos, o bolo já tinha sido consumido e por isso não conseguimos apreendê-lo, mas ainda assim conseguimos encontrar porções de cocaína, maconha e muita bebida alcoólica."
O delegado afirmou que a festa de aniversário começou na noite de terça-feira (25) e aconteceu em um barracão entre as praias do Delegado e Apaga Fogo. "A cabana foi montada na praia, em espaço público e aberto. Quando os policiais chegaram, muita gente ainda conseguiu escapar pela orla mesmo. Pedimos apoio da Polícia Militar para prender as pessoas. No momento, cerca de 50 pessoas estavam no evento", disse Zanini.
Das 22 pessoas detidas, dez eram menores de idade e 12 eram adultos, segundo o delegado. "Em depoimento, apenas uma adolescente nos disse que tinha consumido maconha. A faixa etária dos convidados era de 17 a 25 anos, sem contar com os pais da aniversariante", disse Zanini. "Apreendemos as máquinas de fotografia e celulares de alguns dos convidados, que tinham a foto do bolo da festa de aniversário", afirmou.
O delegado registrou o caso em um Termo Circunstanciado de Ocorrência. "Interpretei como apologia ao crime e uso de drogas, auxílio ao consumo de drogas e crimes relacionados ao ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]. Todos foram ouvidos e liberados."

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Cabral, o governador do Rio de Janeiro, aquele que lacrimosamente chora ao perder os Royalties do pré-sal, aquele que viaja quando sabe que seu Estado passa por um perído delicado, deve estar morrendo de inveja da Bahia. 
Pô, eu é que defendo a descriminalização das drogas e é na Bahia que surge o bolo de maconha? 
Notem que, ironicamente, a Bahia é governada por Jacques Wagner, do PT! Porque aparecer um bolo desses no Estado de um aliado como Cabral se pode aparecer num governado pelo próprio PT, né? É divertido, a gente deve confessar... 

27 de janeiro de 2011

Gervásio, proponho o acordo da racionalidade!

Hoje pela manhã publiquei aqui um texto sobre Lula, suas palestras e o aniversário do PT.

Eis que me chega o comentário de um leitor. Assina como Gervásio de Souza. Segue texto conforme enviado. Comento em seguida. 

Os feitos do governo Lula falam mais alto que o preconceito raso de parcela dos chamados especialistas. Na condição de ex-presidente, ele por certo tem mais conteúdo a transmitir que jornalistas que lançam discussões em comunidade do Orkut, mas vai saber.. Isso é só a opinião de um eleitor do PT, desses que o autor do post deve considerar massa de manobra do operário barbudo.

Vamos por partes. Gostaria que Gervásio listasse um - apenas um - avanço institucional que tenha havido no Governo Lula. Listo algumas instituições que perderam prestígio durante seu governo - boa parte devido ao aparelhamento ou ao uso da máquina estatal a favor de uma ideologia. 

- TCU - alijado de sua tarefa básica de fiscalizar o Executivo (no caso do decreto que deixa as obras da Copa ao arrepio do Tribunal). 

- O Itamaraty - sob o comando de Celso Amorim, perdeu todas as batalhas nas quais se empenhou (não emplacou um nome na OMC, nem no BID; perdeu na rodada Doha; em 2005, celebrou a ridícula cúpula América do Sul-Países Árabes, celebrando a democracia ao lado de ditadores; declarou neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os narcoterroristas das Farc).

- O Congresso Nacional - com o escândalo do mensalão. 

- A Receita Federal - ninguém mais confia no órgão. 

Isso sem falar nas lambanças promovidas no setor de aviação e, mais recentemente, com o Enem no Ministério da Educação. 

Eu não fui preconceituoso com Lula. Desde quando discordar dele é ser preconceituoso? Sem essa de mitologia. Não aceito que me venham dizer que digo isso ou aquilo por preconceito contra "o operário Presidente". Já disse aqui e repito que o Brasil é governado por brasileiros natos, com no mínimo 35 anos e em pleno gozo de seus direitos políticos. Todo essa sorte de adjetivos que se dá aos políticos serve mais para mantê-los longe de críticas. Ora, quantas vezes aqueles que criticaram Lula não foram chamados de preconceituosos? 

A propósito: o presidente operário usou o uniforme de metalúrgico pela última vez em 1975 - quando descobriu as benesses do sindicalismo. Quando subiu a rampa do Palácio do Planalto em 2003, portanto, já não era metalúrgico há 28 anos. 

Se Lula tem o que transmitir? É claro que tem. Só salientei que será um show de autopromoção. Não me interesso em ouvir de Lula porque ele deveria entrar para a História. Para mim ele deve entrar na história por isso: MANTEVE O QUE OUTRO GOVERNO JÁ HAVIA CRIADO, JOGANDO O PROGRAMA DE SEU PARTIDO NO LIXO. 
E pronto. Sem mistificações foi isso mesmo que ele fez - com um ou outro avanço nos gastos sociais. 

Eu não lancei discussões em comunidade do Orkut, mas participei de uma. Participaria de outras. Lá ou em qualquer outro lugar mais nobre hehehe 

Para terminar: Não, Gervásio, você não é massa de manobra do barbudo. Eu é que sou do Partido da Imprensa Golpista (PIG). Quem está a serviço de um mundo justo nunca é massa de manobra, não é? Isso é coisa de gente reacionária. 

Proponho, aqui, um trato. O trato da racionalidade. Se Gervásio conseguir trazer dados que demonstrem o quão bom foi o Governo Lula, me desminto. Mas sem mitologias. Caso venha dizer que a participação do Brasil no mercado mundial cresceu, por exemplo, terá de mostrar que outras economias diminuiram. Por quê? Ora, porque todo mundo sabe que nesse, como em outros aspectos, o Brasil cresceu porque o mundo cresceu. Estamos, proporcionalmente falando, numa condição bem ruim. Crescimento bruto não vale nada se não for comparado com outras economias do mundo (especialmente entre os países do BRIC). 

Vamos lá, Gervásio! Você pode ficar com a mitologia, eu fico com a política mesmo. É o nosso tratado. 



Deixem Lula presidir nem que seja uma escola de samba; Vem aí o aniversário do PT

A primeira quinzena de fevereiro promete muito para a política brasileira. Contados a partir de hoje, estamos a duas semanas do trigésimo primeiro aniversário do PT. Já ressaltei aqui o aspecto que considero mais importante da festa: a resolução do partido que deve conter as bases, o norte, do relacionamento entre a legenda e o governo de Dilma. Acontece que há outro "evento" importante a acontecer no dia 10 de fevereiro. 

Especula-se - não sei se já é certo - que o ex-presidente Lula receberá a presidência de honra do PT. Lula precisa presidir nem que seja uma escola de samba - melhor que seja o PT. Dos males é o menor. Ele poderia, sei lá, ser Presidente da República... 

Palestras 

Jornais, revistas, rádios e portais na internet noticiaram que Lula começará a dar palestras. Especula-se que o valor de cada sessão chegue a 200 mil reais. Outro dia fui discutir o tema numa comunidade do Orkut. Acho que Lula tem o direito de dar palestras. Se vai ter público? Claro que vai! A questão é o que se quer ouvir, não é? 

Sempre há aqueles que precisam mais da mitologia que da política. 

Não duvido mesmo que Tiririca pudesse fazer sucesso dando palestras. A questão é que no caso de Lula, a coisa, evidentemente, será um show de autopromoação como nunca antes na história deste País. Veremos, como sempre, a exaltação daquele que foi "o primeiro presidente operário do País" e que elegeu "a primeira presidente mulher". Sem essa. 

Somos governados por brasileiros natos, com no mínimo 35 anos e em pleno gozo de seus direitos civis e políticos, como determina a CF. Todo o resto é mitologia, não política. 

A pressão vem dando certo; Paulo Bernardo recua

Leiam o que informa Cida Damasco, João Bosco Rabello e Ricardo Gandour no Estadão On-line. A pressão deu resultado e Paulo Bernardo recua nas insanidades que havia proposto - a rigor ele só havia levado adiante as loucuras que lhe deixaram no Ministério das Comunicações. No dia 07 de janeiro, publiquei um texto sobre o tema (íntegra aqui). 

O governo vai abandonar o debate sobre a proibição da propriedade cruzada nos meios de comunicação por estar convencido de que o desenvolvimento tecnológico tornou a discussão obsoleta. O conceito de convergência das mídias, que consolidou o tráfego simultâneo de dados e noticiários em todas as plataformas - da impressa à digital -, pôs na mesa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, um projeto de concessão única. Propriedade cruzada é o domínio, pelo mesmo grupo de comunicação, de concessões para operar diferentes plataformas (TV, rádio, jornal e portais).


A inversão do processo, que estudava a proibição da propriedade cruzada e agora a consolida, partiu da constatação de que os veículos de comunicação hoje têm num só portal seus noticiários de jornal, rádio e televisão, na maioria dos casos funcionando num mesmo ambiente físico e virtual, com aproveitamento de toda produção de conteúdos.
O conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Resende, considera a concessão única "inevitável" para ser discutida e implementada num prazo de cinco anos. Isso imporia na sua avaliação uma reforma na própria Anatel, que hoje trata os meios de comunicação de forma isolada.
O ministério das Comunicações ainda defende a extensão aos meios de comunicação digital (portais) do limite de 30% de capital estrangeiro que hoje vigora para jornais, rádio e televisão.
A orientação da presidente Dilma Rousseff é priorizar as questões objetivas que pressionam o mercado e trabalhar o projeto de regulamentação da mídia em ritmo que privilegie sua qualidade e consistência. "O projeto vai andar sem pressa e sem contaminação ideológica", disse ao Estado uma fonte do governo.
A mudança de estratégia corresponde à avaliação de que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi tumultuado por sucessivas tentativas de tornar concretas propostas polêmicas, como o Conselho Federal de Jornalismo, com a pretensão de "orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão do jornalista". Trazia ainda a proposta de um novo marco regulatório das comunicações que viabilizasse sanções aos veículos que infringissem as regras do Conselho.

25 de janeiro de 2011

Querendo homenagear José Alencar, Dilma agrada à Lula

Leiam o que informa Bernardo Mello Franco e Daniela Lima na Folha on-line. A íntegra está aqui. O título é meu. 


A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (25) que o ex-vice presidente José Alencar "dá um exemplo de dignidade" em sua luta contra o câncer.

Durante seu discurso, Dilma ficou com olhos marejados e chegou a chorar. Ela entregou ao ex-vice a medalha 25 de janeiro, comenda conferida a personalidades pelos 457 anos da cidade de São Paulo.

"Ele foi sem dúvida nenhuma um grande vice-presidente ao lado de um grande presidente", afirmou Dilma em referência aos oito anos de parceria entre Lula e Alencar.

A presidente enalteceu a trajetória de Alencar que, a exemplo de Lula, nasceu em família pobre. "A gente deve reconhecer a importância desse homem que saiu de baixo e construiu um império econômico, mas não perdeu jamais o compromisso com a soberania do país e com o resgate de milhões de brasileiros da miséria."

Dilma elogiou a equipe médica do político e disse que ele trava "uma luta tenaz" pela vida --ele combate um câncer no abdome há 15 anos e está há três meses em idas e vindas no hospital Sírio-Libanês. Segundo ela, Alencar não só sobrevive com honradez, mas com energia.

O homenageado deixou o hospital por volta das 11h30, e esperou quase uma hora pela chegada de Dilma. Parte de sua equipe médica o acompanhou.

O ex-vice foi liberado por médicos para comparecer à cerimônia. A mesma equipe proibiu, no começo do ano, que ele viajasse para testemunhar a posse de Dilma, em Brasília. O atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), também estavam no palco que reuniu Lula.

Esse será o único compromisso oficial de Dilma na cidade. Até agora, ela só fez uma aparição pública fora do Palácio do Planalto desde a posse: no Estado do Rio, após as devastações causadas por enchentes na região serrana.

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Eu também concordo que a luta do ex-vice-presidente serve de exemplo para muita gente. Homenagem merecida, mas me chama a atenção o mimo de Dilma que, querendo homenagear Alencar, acaba prestando reverência à Lula.  Ora, na sua avaliação o vice foi grande porque estava do lado de outro grande, entendem? A grandiosidade de Lula é que importa. Alencar, no máximo, pegou carona com o abençoado. 

A propósito: Dilma não derramou uma lágrima pelos, agora, mais de 800 mortos no Estado do Rio de Janeiro. Não é insensibilidade não, deve ser para constrastar com o chorão Sérgio Cabral. 

23 de janeiro de 2011

Chávez diz que sua reeleição em 2012 "está escrita"

Leiam o que vai na Folha on-line. Comento mais tarde. 

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, assegurou este domingo que sua reeleição nas presidenciais de 2012 "está escrita" e insinuou que o período 2013-2019 pode ser o último em que governará o país.

"Voltarão a me eleger em dezembro de 2012. Isto está escrito! Para continuar subordinado a vocês até 2019 e aí, sim, é verdade, que eu vou me mandar", brincou Chávez falando a milhares de simpatizantes que protestaram aos gritos, pedindo que continue a governar por mais tempo.

"Bom, veremos, porque este ano vou completar 57 [anos], estou perto dos 60 já", respondeu o presidente, que em várias oportunidades manifestou a intenção de governar até 2021 e até 2030.

Chávez poderá se candidatar em dezembro de 2012 a um novo mandato presidencial, depois da aprovação de uma emenda constitucional, em fevereiro de 2009, que permite a reeleição indefinida.

No sábado, o presidente venezuelano também afirmou que em 2012 o partido oficial levará "a maioria dos governos e prefeituras", o que permitiria ao seu governo continuar construindo 'a pátria bolivariana'.

"Estou certo de que quando houver, em 2015, eleições para uma nova Assembleia Nacional [Parlamento unicameral] também ganharemos a maioria, porque só assim poderemos continuar assegurando a marcha pacífica da democracia venezuelana e construindo o socialismo", afirmou o presidente.

21 de janeiro de 2011

Anastasia defende parceria com Dilma e deixa oposição para Congresso

Leiam o que vai na Folha on-line. Comento em seguida. 

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), deu sinais hoje que a oposição ao governo Dilma Rousseff ficará a cargo do Congresso.

Ele se encontrou na manhã de hoje com a presidente no Palácio do Planalto.

Segundo Anastasia, os governadores tucanos decidiram que terão uma "boa relação administrativa" com o Planalto. O PSDB é o principal partido de oposição e foi derrotado no ano passado, no segundo turno das eleições presidenciais.


"No Parlamento é onde ela [a oposição] se manifesta de maneira sempre mais aguda e mais presente", disse Anastasia. "Eu vim demonstrar que o Estado de Minas Gerais é um Estado parceiro do governo federal", completou.

Outro governador do partido, Geraldo Alckmin, de São Paulo, fez uma deferência à nova presidente ao viajar a Brasília para a posse, em 1º de janeiro.

A oposição "light" dos governadores do PSDB se choca com a iniciativa recente de líderes do partido, como José Serra, ex-governador de São Paulo e candidato derrotado nas eleições presidenciais, de criticar publicamente o governo.

Anteontem, via Twitter, Serra criticou o "fisiologismo, corrupção e incompetência" do PT na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), além de elencar problemas na economia brasileira. Serra foi ministro da Saúde.

CONVITE

Em outra demonstração da boa fase na relação com o Planalto, Anastasia convidou Dilma para ser a oradora principal do evento de 21 de Abril em Ouro Preto. Segundo ele, a presidente aceitou.

O mineiro também fez questão de frisar o termo "presidenta" quatro vezes ao se referir a Dilma --como ela prefere ser chamada.

A reunião foi solicitada pelo governador. Durante cerca de 40 minutos, eles conversaram sobre as obras necessárias para a Copa do Mundo de 2014, o metrô de Belo Horizonte e programas sociais.

Dilma o comunicou que a Presidência abrirá um escritório em Belo Horizonte, cidade onde ela nasceu e onde vivem familiares.

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Anastasia fala em nome de todos os governadores de oposição? Bem, espero que não. É claro que os Governos dos Estados, na mão da oposição ou da situação, precisam ser parceiros do Governo Federal, o que não quer dizer que não possam exercer o papel que lhes cabe na democracia: fazer oposição. 

Se a atividade de se opor ao Governo Federal ficar só a cargo do congresso, aí é o que negócio não vai bem. Por quê? Aécio Neves, senador eleitor por Minas Gerais e antecessor de Anastasia, já disse que pretende fazer o que chamou de 'oposição propositiva'. Não sei bem o que isso significa, mas me parece um termo mais usado pelos petistas, que acenam com cargos no governo em troca de uma oposição, digamos, um pouco mais dócil. 

Aécio poderia simplificar e fazer simplesmente oposição, que é o que esperam os milhões de eleitores dele. Espero que os oposicionistas, no geral, estejam mais alinhados com Serra que com Anastasia, pois, a ser como pretende o Governador de Minas, a oposição já começou a preparar agora a derrota de 2014! 


18 de janeiro de 2011

Manual do jornalismo engajado; ou: como vender sua pauta

Quem ignora o funcionamento dos meios de comunicação talvez não saiba que a notícia que lê é fruto de um processo que, ao fim e ao cabo, é sempre uma rotina de convencimento. Há, na maioria das redações, as chamadas reuniões de pauta, ocasião em que são discutidas possíveis notícias para a edição do jornal seguinte. É nesse momento que o repórter, por exemplo, pode sugerir determinado tema, sua abordagem, foco, direção e fontes a serem ouvidas.

Não é difícil perceber, pois, que uma outra estrutura se organiza para fornecer temas para os repórteres, numa espécie de grupo de pressão a influenciar o jornalismo. O que esses grupos organizados ganham com isso? Ora, podem ver seus objetivos ganhando espaço na Opinião Pública com a credibilidade do jornalismo, sempre superior ao material de propaganda pura e simples. 

O negócio começa mesmo a ficar complicado quando jornalismo e propaganda de uma causa se unem. 

Leiam o que informa o Blog Caixa Zero, da Gazeta do Povo, editado por Rogério Waldrigues Galindo. 

Ele vai em negrito; vou logo em seguida, após o asterisco. 

Os ruralistas deixarão a "segunda abolição" acontecer?

*Comecemos pelo título. Sempre achei bastante preconceituoso o termo ruralista. Nunca ouvi alguém chamar a bancada que defende a legalização da maconha, por exemplo, de "bancada maconheira". Mas tratemos do preconceito mais adiante. 

Está em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto que, de tão importante, é chamado por alguns de "segunda abolição da escravatura" no Brasil.
*Espera aí! O que aquele "alguns" está fazendo ali? Quem está por trás daquele pronome indefinido?  A quem interessa o tal projeto em tramitação na Câmara? O "quem", leitores, é um dos termos que se deve responder no começo de um texto noticioso. Quando o jornalista não o faz, existe a sentença sem existir quem a profere.  
Trata-se de uma proposta que distribui para a reforma agrária as terras de fazendeiros condenados por usar trabalho escravo em suas terras. Como todo crime, o uso de trabalho análogo à escravidão também deve ser punido, claro. E o confisco das terras é uma possibilidade.
*Epa! Se é isso mesmo que o projeto propõe, então tem todo o jeito de ser lobby dos tais "movimentos sociais", mais notadamente do MST, que nada mais são do que franjas de um partido - preciso dizer qual?. É claro que quem emprega pessoas em regime de trabalho escravo deve ser punido, mas o deve fazer cedendo terras? Huuum sei! A ser assim, é só estabelecer um critério subjetivo para o que seja trabalho escravo e qualquer empregado de uma fazenda pode ter seu quinhão de terra alegando ter trabalhado como escravo. Isso dá poder de barganha ao MST que pode, livremente, assediar trabalhadores acenando com a proposta de uma terrinha ali e outra aqui ... 

Mas, é claro, tem quem seja contra. E as resistências partem da bancada ruralista. Bancada da qual o Paraná participa com muitos integrantes.
Veja só a declaração que o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) deu à Agência Câmara:
"[O trabalho escravo] é aquele em que a pessoa não pode ir e vir? Aquele [em que o trabalhador] está preso realmente? Ou aquele que tem algum tipo de trabalho que não seja dentro das características e das exigências do Ministério do Trabalho?"
Na avaliação do parlamentar, "tem que existir um conceito para que se possa dar segurança às pessoas, que não sejam enquadradas ou perseguidas por um fiscal qualquer do Ministério do Trabalho ou outra entidade que se julgue no direito de decidir pela vida das pessoas".
*Não vejo nenhum problema nos questionamentos do Deputado Valdir Colatto. Trata-se de dar segurança jurídica tanto ao produtor quanto ao empregado. Conceituar precisamente o que é trabalho escravo, ao contrário do que insinua Galindo, não beneficiária somente a bancada que ele chama, de maneira preconceituosa, de "ruralista". Apontem-me um sistema judiciário que não careça de definições precisas para assegurar a isonomia e o tratamento justo e eu me desminto. Toda legislação ambígua, e isso é truísmo, liberta quem deveria punir e pune quem deveria inocentar. 
De acordo com a ONG Repórter Brasil, que faz parte da Frente Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, a falta de definição de escravidão é uma das "mentiras" mais comuns de quem defende a manutenção do atual sistema.
Há previsões no Código Penal e na legislação trabalhista. E há a definição da Organização Internacional do Trabalho.
Basicamente, trabalho escravo, além de ser degradante, tem de restringir a liberdade. Há quatro formas básicas de isso ocorrer:
- Apreensão de documentos;
- Presença de guardas armados e “gatos” de comportamento ameaçador;
- Dívidas ilegalmente impostas;
- Ou pelas características geográficas do local, que impedem a fuga.
O Brasil tem um trabalho importante de combate à escravidão, mantido pelo Ministério do Trabalho. As regras têm sido aplicadas sem maiores questionamentos (a não ser pela bancada ruralista, muito especialmente no caso da senadora Kátia Abreu).
*Agora me respondam: dada a natureza das ONGs no Brasil, com os sabidos problemas de gestão que muitas delas enfrentam, com irregularidades na distribuição e aplicação de seus recursos, seria mais lógico para um jornalista procurar a definição jurídica do que seja trabalho escravo ou pedir que uma ONG faça isso? Logo em seguida vem um trecho que pode consertar as coisas, elencando as características do trabalho escravo segundo a legislação (inclusive a internacional). 
Acontece que, observem, este trecho entra no texto para contestar a fala do deputado Valdir no trecho anterior, demonstrando, cabalmente, que existe uma definição precisa do que seria o trabalho escravo. Pois é! Acontece que o texto não responde a uma só pergunta do deputado. Vamos recapitular: 
-  o trabalho escravo é aquele em que a pessoa não pode ir e vir? 
- aquele que o trabalhador está, de fato, preso? ou; 
- é aquele que tem algum tipo de trabalho que não está dentro das características e das exigências do Ministério do Trabalho? 
Repito, o que Galindo aponta, segundo a ONG, claro, como determinação do trabalho escravo não responde aos questionamentos do deputado. 
A senadora Kátia Abreu, creio, já deve estar acostumada. Embora seja boa de briga, vive tendo seu nome evocado como símbolo do atraso de uma elite política feudal. É uma bobagem. A luta da senadora é para deixar a legislação mais flexível. Atualmente, a lei em vigor chega a determinar a espessura da madeira utilizada na cama dos empregado rurais ou a distância entre as camas de um beliche. É um absurdo. Um desvio, milimétrico que seja, nestas medidas e o produtor pode ser enquadrado por manter empregados em regime análogo ao de escravidão. 
A ideia de que se trata de "perseguição" parece vir apenas de um único setor. Por que será?
*Aqui Galindo sugere que o "setor ruralista" se coloca como vítima da situação. Eu diria que é mesmo a vítima. O que Galindo fez, escrevendo e publicando uma nota com esse teor, é a mais pura perseguição. Caso o jornalista queira se despir do preconceito - ou será que só os ruralistas o tem? - poderia ter passado pelo site da CEPEA (Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada) e registrado que o Agronegócio - inclui-se aqui agricultura e agropecuária - foi responsável, em 2008, por nada mais nada menos que 25% do PIB total do Brasil. Não é pouco coisa. Com essa participação, ele é um dos principais responsáveis pela propalada estabilidade econômica brasileira. 
Então os produtores são bons para gerar trabalho, renda e emprego aos milhões mas não têm o direito de lutar por uma legislação que lhes assegure a geração de mais trabalho, renda e emprego? Então, quando é para dar bons frutos, é bom que eles existam. Quando é para discutir no Congresso aí são um estorvo à civilização? Que democracia é essa? Se os ambientalistas e sindicalistas podem se organizar em grupos de pressão para fazer valer suas pautas no Congresso, por que os produtores rurais não podem? Seria preconceito? Perseguição, talvez, Galindo? 
O projeto já foi aprovado no Senado e aguarda segunda votação na Câmara. Esperamos que ocorra já no início do ano.
* Aqui o verbo conjugado na primeira pessoa do plural é só para não termos dúvida do "lado" do jornalista. 

17 de janeiro de 2011

Íngrid Betancourt e a lição que vem da Colômbia; ou: o terror das Farc

Neste final de semana conclui a leitura de Não Há Silêncio Que Não Termine, de autoria de Ingrid Betancourt, a franco-colombiana sequestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em 2002, quando era candidata à presidência nas eleições daquele País. A obra é realmente fantástica. Na forma e no conteúdo. Tive vontade de chorar ao final de cada capítulo. É claro que só algumas vezes caí na fraqueza hehehe. 

O que faz do livro de Ingrid Betancourt uma obra sem igual é a crueza com que desnuda os métodos de um grupo que, infelizmente, ainda encontra muitos simpatizantes em toda a América Latina - inclusive no Brasil. 

Nos quase sete anos que viveu como refém das Farc na selva colombiana, Ingrid lutou, sobretudo, para se manter humana. A guerrilha insistia, sabotava, humilhava seus reféns, na esperança de que eles próprios acreditassem não ser mais humanos e passassem a ser meros instrumentos nas mãos das Farc. Uma vez que os próprios reféns se enxergassem assim, a guerrilha poderia, sem ressentimentos, infligir-lhes as piores humilhações, as mais hediondas privações. 

Chorei ao relato da força e da coragem de Ingrid, ao se manter em pé quando era obrigada, sob a mira de um fuzil, a engatinhar. Quando cismava, após dias ou semanas andando pela selva, doente, sem banho há dias, em ter o rosto e as unhas limpos. Quando concluía que quanto mais desumanos fossem os seus algozes, mais humana ela precisava ser. Necessitava dizer a eles que aquele não era o mundo a que pertencia, que tinha suas raízes, sua história, sua civilidade. Sem nada para se agarrar, precisava mostrar aos guerrilheiros que fora educada para acreditar no outro, não para humilhá-lo. 

Bem, por que tudo isso? Vocês sabem, uma mulher candidata à Presidente, um grupo de esquerda ... o paralelo entre Dilma e Ingrid me foi inevitável. Tudo o que Ingrid enfrentou e a coragem a humanidade que preservou durante o cativeiro me fez pensar: "Pô, tá aí! Uma mulher na qual eu votaria com orgulho para Presidente".

"Você não sabe o que Dilma passou nos porões da Ditadura"

É. Não sei. Realmente nem imagino, mesmo porque os documentos que nos podiam revelar algo sobre esse período ficaram protegidos por decreto, não é mesmo? 
Não me venham comparar Ingrid com Dilma. É diferente. 

A primeira ficou andando pela selva amazônica, doente e exposta às humilhações das Farc, por quase sete anos. Sua família não sabia ao certo onde ela estava. Dilma foi preso, e não descarto a possibilidade de ter passado, também ela, por humilhações tenebrosas, mas ficou num prédio público, sob a guardo do Estado, num endereço acessível, portanto. 

O governo do PT vem, sistematicamente, lutando para rever a Lei da Anistia. Querem botar no banco dos réus os torturadores do período da Ditadura. É uma loucura! Se houve barbaridades - e tudo indica que houve mesmo, não é? - houve dos dois lados. Havia a tortura oficial, do Estado e havia a tortura empregada pelos grupos a que Dilma pertenceu. O que as Farca fazem por "um mundo mais justo" é a simples barbárie, a destruição de valores humanos. 

Dilma tem recebido tratamento diferente por parte da imprensa, que insiste em lhe dar ar de uma super gerente, uma mulher vencedora, que lutara pela democracia. É um embuste. As organizações a que Dilma pertenceu buscavam o mesmo "mundo justo" das Farc. A ideologia que os orienta, seus princípios, objetivos e valores são rigorosamente os mesmos. Tanto é assim que o Fórum de São Paulo, criado e coordenado pelo PT, já abrigou integrantes das Farc por diversas vezes. O PT é  conivente com o método da guerrilha e isso, não importa se é uma gerentona ou um mistificador, não é bom para a democracia brasileira. 

14 de janeiro de 2011

A verdadeira tragédia no Rio: os números tortos!

Os deslizamentos, os feridos e os mortos compõem, é verdade, um cenário trágico no Rio de Janeiro. A verdadeira tragédia, porém, é outra. A verdadeira catástrofe são os números tortos. Ontem o Governador daquele estado, Sérgio Cabral, concedeu uma entrevista ao lado de Dilma. A Presidente, vocês sabem, já é saudada como comandante de um governo mais técnico, discreto e racional que o de seu antecessor. 

Convém a um governo técnico explicar as coisas através de números, não é mesmo? Cabral e Dilma falaram dos investimentos. Serão liberados centenas de milhões de reais para auxiliar as vítimas. Ótimo! Agora vamos ao que interessa. 

Os números são tortos. Cabral, se fosse honesto com o povo do Estado que governa, ficaria, no mínimo, um tantinho vexado ao anunciar os fabulosos investimentos que estariam sendo feitos para prevenir desastres no Rio. Ontem escrevi um post no qual comparava o que acontece agora com o que aconteceu na virada de 2009 para 2010 - e demonstrava porque a tragédia de agora já era prevista há muito. 

Vamos aos dados. Recorri ao site do INMET (Instituto Nacional de Metereologia) e encontrei as médias anuais de chuva no intervalo que vai de 1961 a 1990. Vejam: 


Como se vê, a região que agora sofre com as chuvas recebe, nos meses de dezembro e janeiro, uma média bastante elevada de precipitação. Fica mais ou menos assim: 
Dezembro - média de 220 a 260 mm. 
Janeiro - média de 260 a 300. 

Agora a previsão do tempo de ontem para os municípios serranos do Rio. 

Os círculos delimitam pontos onde a  chuva poderia passar de 100 mm. Então ficamos assim: a média de chuva é de 300 mm, mas 100 mm são suficientes para provocar a morte de centenas de pessoas. No ano passado foram 53 mortos no dia 31 de dezembro. 

Este ano já passa de 500 o número de óbitos. Gostaria de ver Cabral explicando por que, se os investimentos cresceram tanto, não foi possível evitar que o número de vítimas fosse quase dez mais maior. 

13 de janeiro de 2011

Pobre povo do Rio, a entrevista coletiva e o rebolation de Dilma

Não! Realmente não há meios, modos, condições de se dimensionar a tragédia que acomete o Estado do Rio de Janeiro. A cena da dona de casa Ilair, escapando da morte (o cachorro que levava nos braços não teve a mesma sorte) içada pelos vizinhos comoveu o País inteiro. É dramático. Famílias inteiras desesperadas na porte dos Institutos Médicos Legais das cidades serranas do Estado procurando por seus entes, olhos marejados e mãos contorcidas de uma dor que não podem sanar é de chocar. Não se pode, no entanto, deixar de comentar, mesmo observando o rastro de tristeza e dor, que tudo aquilo, tem sim, natureza política. 

Não se trata de politizar a tragédia. Trata-se de fazer justiça com a História. Olhar para as causas talvez seja o melhor modo de entender as consequências e encontrar as soluções. O que acontece com o Rio é, sim, fruto de um volume de chuvas fora do comum, mas é também o resultado de décadas de descaso político. Querem ver como a política vai ditando os contornos de uma tragédia? 

No dia 31 de dezembro de 2009, chuvas torrenciais provocaram o deslizamento de uma encosta em Angra dos Reis, matando 53 pessoas. Entre elas estava a adolescente Yumi, filha dos donos de uma pousada no local e que aparece em vários tributos espalhados pela rede. Como naquele ano, o desastre de agora provocou a reação do governo Estadual e Federal. Como naquele ano, foram prometidos recursos para reparar os danos, foram anunciadas medidas para sanar problemas de habitação, foram anunciadas medidas mais rígidas para evitar a ocupação de terrenos e irregulares e, como se vê, ao invés de diminuírem, o número de vitímas aumentou exponencialmente. 

Acabo de assistir à entrevista coletiva que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, concedeu ao lado de Dilma na tarde de hoje. Segue o vídeo. Abaixo destaco alguns pontos. (Antes, um adendo: equipe de Comunicação do Planalto, arrumem a descrição do vídeo. Falta um "r" na palavra governador. Arrumem também as palavras-chave, existe erro e isso dificulta a pesquisa). 



Por volta dos 03 min e 30s Dilma elogia a organização do Governo do Rio de Janeiro. Eu não sei se a fala é fruto apenas da falta de informação ou se é uma piada macabra mesmo. No primeiro caso seria ruim; no segundo, péssimo. Dilma não pode elogiar a organização do Governo de Cabral simplesmente porque a tragédia só aconteceu devido a ... desorganização do Governo de Cabral. É questão de respeito com as famílias. Elogiar a ineficiência não produz eficiência. Não deriva o bem do mal. 

Já aos treze minutos e meio quem fala é o Governador. Ataca - E FAZ MUITO BEM - a política populista que impede uma ação mais enérgica no sentido de evitar construções em áreas irregulares.  Tudo certo e tudo fora do lugar. O próprio Cabral é um populista. A propaganda que faz das tais UPPs - Unidades de Polícia Pacificadora - é o mais bem acabado exemplo de populismo danoso. No ano passado, ele fez o mesmo após a tragédia em Angra. 

Entre o minuto 17 e o 19, Dilma fala do PAC. Pelo que entendi - a gente nunca entende perfeitamente seu raciocínio - o programa seria a solução dos problemas de moradia para aquela região. Deus livre o povo do Rio de Janeiro! O PAC é um fabuloso fracasso. Entregou muito pouco do que prometia. Ainda falou do Minha Casa Minha. É outro fracasso. O programa entregou apenas 10% do milhão prometido. Desse total, apenas 3 mil moradias foram entregues a quem recebe até dois salários mínimos. 

Perguntada por um repórter sobre a agilidade no repasse dos recursos públicos (já estamos por volta dos 23 minutos), a Presidente ressaltou que é complicado agilizar os repasses por conta da fiscalização. É mentira. Dá sim e foi o que se fez com boa parte das obras da Copa do Mundo, que, por decreto, estão livres de fiscalização do TCU. 

A entrevista de Cabral e Dilma, enfim, é um acinte, uma ofensa, um desrespeito com os cariocas. Governo Federal e Estadual prometeram mais do mesmo, para o calvário do povo do RJ. Dilma não cumpriu a promessa que fez em campanha, aquela de dançar o rebolation quando ganhasse. Ao invés disso, preferiu deixar, ao lado de Cabral, que os cariocas dancem a coreografia.