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27 de janeiro de 2011

Gervásio, proponho o acordo da racionalidade!

Hoje pela manhã publiquei aqui um texto sobre Lula, suas palestras e o aniversário do PT.

Eis que me chega o comentário de um leitor. Assina como Gervásio de Souza. Segue texto conforme enviado. Comento em seguida. 

Os feitos do governo Lula falam mais alto que o preconceito raso de parcela dos chamados especialistas. Na condição de ex-presidente, ele por certo tem mais conteúdo a transmitir que jornalistas que lançam discussões em comunidade do Orkut, mas vai saber.. Isso é só a opinião de um eleitor do PT, desses que o autor do post deve considerar massa de manobra do operário barbudo.

Vamos por partes. Gostaria que Gervásio listasse um - apenas um - avanço institucional que tenha havido no Governo Lula. Listo algumas instituições que perderam prestígio durante seu governo - boa parte devido ao aparelhamento ou ao uso da máquina estatal a favor de uma ideologia. 

- TCU - alijado de sua tarefa básica de fiscalizar o Executivo (no caso do decreto que deixa as obras da Copa ao arrepio do Tribunal). 

- O Itamaraty - sob o comando de Celso Amorim, perdeu todas as batalhas nas quais se empenhou (não emplacou um nome na OMC, nem no BID; perdeu na rodada Doha; em 2005, celebrou a ridícula cúpula América do Sul-Países Árabes, celebrando a democracia ao lado de ditadores; declarou neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os narcoterroristas das Farc).

- O Congresso Nacional - com o escândalo do mensalão. 

- A Receita Federal - ninguém mais confia no órgão. 

Isso sem falar nas lambanças promovidas no setor de aviação e, mais recentemente, com o Enem no Ministério da Educação. 

Eu não fui preconceituoso com Lula. Desde quando discordar dele é ser preconceituoso? Sem essa de mitologia. Não aceito que me venham dizer que digo isso ou aquilo por preconceito contra "o operário Presidente". Já disse aqui e repito que o Brasil é governado por brasileiros natos, com no mínimo 35 anos e em pleno gozo de seus direitos políticos. Todo essa sorte de adjetivos que se dá aos políticos serve mais para mantê-los longe de críticas. Ora, quantas vezes aqueles que criticaram Lula não foram chamados de preconceituosos? 

A propósito: o presidente operário usou o uniforme de metalúrgico pela última vez em 1975 - quando descobriu as benesses do sindicalismo. Quando subiu a rampa do Palácio do Planalto em 2003, portanto, já não era metalúrgico há 28 anos. 

Se Lula tem o que transmitir? É claro que tem. Só salientei que será um show de autopromoção. Não me interesso em ouvir de Lula porque ele deveria entrar para a História. Para mim ele deve entrar na história por isso: MANTEVE O QUE OUTRO GOVERNO JÁ HAVIA CRIADO, JOGANDO O PROGRAMA DE SEU PARTIDO NO LIXO. 
E pronto. Sem mistificações foi isso mesmo que ele fez - com um ou outro avanço nos gastos sociais. 

Eu não lancei discussões em comunidade do Orkut, mas participei de uma. Participaria de outras. Lá ou em qualquer outro lugar mais nobre hehehe 

Para terminar: Não, Gervásio, você não é massa de manobra do barbudo. Eu é que sou do Partido da Imprensa Golpista (PIG). Quem está a serviço de um mundo justo nunca é massa de manobra, não é? Isso é coisa de gente reacionária. 

Proponho, aqui, um trato. O trato da racionalidade. Se Gervásio conseguir trazer dados que demonstrem o quão bom foi o Governo Lula, me desminto. Mas sem mitologias. Caso venha dizer que a participação do Brasil no mercado mundial cresceu, por exemplo, terá de mostrar que outras economias diminuiram. Por quê? Ora, porque todo mundo sabe que nesse, como em outros aspectos, o Brasil cresceu porque o mundo cresceu. Estamos, proporcionalmente falando, numa condição bem ruim. Crescimento bruto não vale nada se não for comparado com outras economias do mundo (especialmente entre os países do BRIC). 

Vamos lá, Gervásio! Você pode ficar com a mitologia, eu fico com a política mesmo. É o nosso tratado. 



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