O terror organizado fica mais ou menos fortalecido após o anúncio da morte de Osama Bin Laden? Menos. Pelo menos é o que se depreende do comportamento de um dos grupos terroristas islâmicos mais atuantes: O Talibã. Na manhã de terça-feira, (03), o grupo, que governou o Afeganistão até 2001 (embora reconhecido por apenas outras três nações como poder legítimo), decidiu soltar o primeiro comunicado oficial após o anúncio da morte de Osama. E o que dizia o Talibã? Reproduzo trecho da nota publicada pela Reuters. O texto é do repórter Hamid Shalizi.
O Taliban do Afeganistão disse nesta terça-feira não ter visto provas suficientes para convencer seus integrantes de que o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, esteja morto, no primeiro comentário do grupo desde que autoridades norte-americanas declararam que o mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001 foi morto no Paquistão.
"Como os americanos não ofereceram qualquer prova aceitável para apoiar sua alegação, e como outros assessores próximos de Osama bin Laden não confirmaram ou negaram sua morte... então o Emirado Islâmico considera qualquer afirmação prematura", disse um comunicado do porta-voz do Taliban Zabihullah Mujahid enviado por email para a mídia.
Muito bem! Temos então que o Talibã (a grafia, assim, também é aceita) está, meio assim, duvidando da morte de Osama. Para acreditar, pedem provas concretas – o exame de DNA parece não ser o suficiente.
Agora vejam trecho de uma notícia retirada do site da revista Veja na mesma terça-feira (03) e sobre o mesmo Talibã.
Respostas ao assassinato de Osama bin Laden, o homem por trás do maior atentado terrorista em território americano, começam a chegar nesta terça-feira. Em entrevista à rede britânica BBC, os grupos extremistas Al Qaeda e Talibã juraram que atacarão forças dos Estados Unidos e Paquistão em retaliação.
Membros dos grupos disseram que o “martírio de bin Laden” abalou os insurgentes, mas não afetou a “guerra santa" no Afeganistão. Enaltecido como herói por grupos terroristas, bin Laden deve ser vingado, segundo um porta-voz do Talibã, em ataques contra forças de segurança paquistanesas, envolvidas na morte do terrorista, que já estão sendo planejados. Um dos parceiros da organização, o Haqqani – grupo que atua no Afeganistão e Paquistão – por sua vez, disse que seus membros redobrarão esforços na luta contra os EUA no Afeganistão.
Um pai
- Quando informado sobre a morte do terrorista, o talibã Mohammad Younus, há quatro anos ativo no Afeganistão, disse: “Bin Laden era como um pai para mim”. Younus prometeu que ele e seus companheiros realizarão ações contra forças americanas em território afegão, paquistanês e até americano.
A avaliação das duas mensagens atribuídas ao grupo demonstra, no mínimo, uma tentativa de manipular o Ocidente (mais especialmente os EUA). No máximo, deixa entrever que o terror pode não ser tão organizado como se supunha.
Na primeira nota, o Talibã exige provas concretas da morte de Obama. Fica evidente que eles embarcam na teoria de que, se não há fotos, não há morto. Raciocinemos: se o Talibã duvida da morte de Osama, porque falaria em retaliação, em vingança?
É evidente que no momento do primeiro anúncio, o Talibã quer é tirar proveito da opinião pública – que aquela altura questionava a existência de fotos – para ver incendiar os ânimos de seus membros. Mais um pouco e a gente começa a acreditar que a morte só passou a existir depois da fotografia.
Obama fez bem em não autorizar a publicação das fotos. Não convém ao País agir de acordo com o que pedem os terroristas, não é? Não convém colocá-los como força legítima de negociação. Na prática o pedido do Talibã sepultou a intenção – se é que havia – de divulgação das fotos pelos EUA, pois o país estaria se submetendo à vontade dos terroristas.
Já a segunda nota mostra a real natureza do grupo – e dá fim ao movimento que surgiu em defesa de Osama, como se a separação de quase uma década entre o atentado que ele projetou e sua morte o fizesse menos culpado. Ou o Talibã mentia quando dizia não ter certeza da morte de Osama ou o grupo anda lá com as comunicações um tanto enfraquecidas. A segunda hipótese é, certamente, a melhor para o Ocidente. Mais que confusão, comportamento do terror pós-morte de Osama acena para o enfraquecimento e o Ocidente deve aproveitar a oportunidade.
Um comentário:
Não concordo... nem discordo...apenas observo...haha
brincadeira... eu acho uma grande bobagem essa especulação... pois ele podia ser o mentor... mas não é o único a ter capacidade de planejar algo parecido, o importante é neutralizar as ações terroristas e isso parece que ja foi feito e com eficiencia... e pro obama foi muito conviniente, muito bom para sua imagem um pouco desgastada. Enfim, se morreu ou não o importante é desestruturar os grupos terroristas.
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